quarta-feira, 20 de junho de 2012

Chuva começa a recuperar o campo, mas seca ainda preocupa no Rio Grande do Sul

Farsul estima que perdas à economia gaúcha em sete meses chegam a R$ 17,1 bilhões

Diogo Zanatta
Em um indicativo de recuperação do campo no Rio Grande do Sul, as chuvas recentes garantiram o crescimento de pastagens e o plantio do ciclo de inverno. Mas em sete meses de seca, o prejuízo à economia gaúcha chega a R$ 17,1 bilhões, calcula a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
A retomada das atividades agrícolas ainda contrasta com reservatórios secos. A previsão do Centro Estadual de Meteorologia (Cemet/RS) é que as precipitações atinjam a média histórica pelo menos até a primavera. Em Passo Fundo, no norte do Estado, a chuva mudou a paisagem. E o ânimo. Desde o início de junho, segundo o Cemet, o acumulado chega a 157 milímetros (mm), o que corresponde a 14,6% acima da média histórica para todo o mês.
Bernadete Radin, pesquisadora em agrometeorologia do centro, afirma que é cedo para falar em fim da seca, mas observa que há sinais de recuperação. Bernadete estima que os prognósticos de chuvas favoráveis no inverno são animadores diante da perspectiva de reabastecer reservatórios para a safra de verão.
– A chuva dentro da média histórica não garante que tudo voltará ao normal, mas traz uma boa expectativa para que se possa superar a seca – destaca.
De acordo com levantamento da Farsul, somente na soja, 45% da safra foi perdida. O impacto expressivo ainda assusta e provoca efeito direto na exportação do produto em grão. Nos primeiros cinco meses de 2012, o Estado só negociou 3,15% do total comercializado em igual período do ano passado. Diante da maior quantidade produzida – e perdida – no ciclo atual, a federação afirma que a safra 2011/2012 causou maior prejuízo econômico ao Rio Grande do Sul do que a de 2004/2005.
– As perdas estão consolidadas, mas a quebra ainda pode afetar a próxima safra. Por isso, a disponibilidade de crédito ao agricultor será crucial – alerta Antônio Luz, economista da Farsul.
Neste viés, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) cobra do governo federal uma definição quanto à linha de crédito emergencial no valor de R$ 10 mil para os agricultores familiares atingidos pela seca. Não descarta, inclusive, mobilizações públicas. Enquanto isso, nas lavouras, a rotina vai voltando ao normal. Segundo a Emater, as chuvas recentes acabaram com o atraso no plantio do trigo e garantiram melhor qualidade das pastagens.
– A seca ainda não terminou, mas houve uma retomada nas atividades agrícolas. Agora já dá para respirar mais tranquilo – explica Alencar Rugeri, engenheiro agrônomo da Emater.
As chuvas mais expressivas também trouxeram esperança às cidades. Até ontem, só dois – Ibirapuitã e Bagé – dos sete municípios que fizeram racionamento de água no Estado ainda não revogaram a medida. Em Erechim, no Norte, que passou 68 dias alternando 14 horas sem água, o nível do lago de captação da barragem da Corsan voltou ao normal. E transbordou. Mesmo com as margens ainda amareladas pela vegetação seca, a água avança. Traz alívio e esperança, sete meses depois.

Fonte: http://agricultura.ruralbr.com.br

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