A Organização das Nações Unidas (ONU) e o comitê brasileiro da Rio+20 lançam no próximo dia 16 um fórum de discussão virtual para “aumentar” a participação da sociedade civil no debate sobre o desenvolvimento sustentável, tema central da cúpula do Rio de Janeiro, que ocorre em junho.
De acordo com o negociador-chefe do Brasil no encontro, André Corrêa do Lago, o objetivo da plataforma denominada “Diálogos da Rio+20” é reunir as principais propostas em torno de dez temas centrais para que possam ser apresentadas aos Chefes de estado e incrementar o documento final da conferência.
Em seminário para jornalistas realizado nesta terça-feira (10), em São Paulo, Corrêa do Lago disse que cerca de 400 mil pessoas poderão participar do fórum virtual, que terá páginas disponibilizadas em quatro idiomas, inclusive o português, onde poderão expor opiniões sobre assuntos que não estarão na discussão central do encontro.
“A ideia é justamente ampliar a participação da sociedade civil. A ONU escolheu 27 universidades, sendo nove de países desenvolvidos, nove de nações em desenvolvimento e outras nove do Brasil, para ajudar a ‘afunilar’ as propostas apresentadas na plataforma de discussão”, disse.
Os temas tratados serão água e florestas; energia sustentável para todos e inovação; cidades sustentáveis; oceanos; desemprego, trabalho decente e migrações; crise econômica e financeira; economia do desenvolvimento sustentável e padrões de produção e consumo; erradicação da pobreza; e segurança alimentar e nutricional.
Até meados de maio, serão escolhidas as principais propostas que nortearão a discussão que vai reunir cientistas e especialistas convocados pelo governo brasileiro durante os dias 16 e 19 de junho. “Para que a governança melhore, a sociedade civil tem que participar mais”, disse. O site pode ser acessado aqui.
Confirmações – De acordo com Corrêa do Lago, cem chefes de estado já pediram à ONU para discursar na plenária principal da Rio+20. Entretanto, ele não confirmou se nomes de peso, como o do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estão incluídos. “A lista ainda não é pública [...] e o sucesso do encontro será medido de acordo com a participação dos chefes de estado”.
Porém, ele afirmou que cerca de 20 chefes de estado já confirmaram que não virão ao Rio de Janeiro em junho, entre eles o primeiro-ministro britânico, David Cameron, mas enviarão representantes do chamado “alto nível”, já que a negociação envolve todos os países membros da ONU.
Ele disse que muitas nações ainda não confirmaram presença “por medo de ficarem frustradas”, sentimento também chamado de “complexo de Copenhague”.
O termo refere-se à conferência da ONU sobre mudança climática realizada em 2009, na Dinamarca, e que foi considerada “um fracasso” devido à falta de decisões. Segundo Corrêa do Lago, no evento, a participação em massa de presidentes não contribuiu para a tomada de decisões.
Sobre as negociações do encontro do Brasil, o negociador afirma que na Rio+20 é esperado um documento que “desafie o mundo a tratar de certos assuntos, para os quais há grande relutância ou falta de esforço” e que vai abrir uma série de processos, como a definição do que é uma economia verde. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)
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