terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Desmatamento e perda de áreas úmidas no Brasil e na Indonésia geraram 45 bilhões de toneladas de CO2 em 20 anos


A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou uma série de estatísticas sobre as emissões de carbono originadas do desmatamento, agricultura e de outras formas do uso da terra no período entre 1990 e 2010.
O conjunto de dados, que fazem parte da iniciativa chamada FAOSTAT, é baseado nas estimativas da FAO sobre a biomassa florestal, desmatamento e cobertura de culturas agrícolas. Os dados estão listados por país e região.
Sem surpresas, os dados sobre gases do efeito estufa mostram que os países com altas taxas de desmatamento são os que mais emitiram. A conversão florestal no Brasil lançou na atmosfera 25,8 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) entre 1990 e 2010. Indonésia (13,1 bilhões), Nigéria (3,8 bilhões), República Democrática do Congo (3 bilhões) e Venezuela (2,6 bilhões) completam o ranking dos cinco maiores emissores.
No outro lado da tabela aparece a China, onde a preservação, o reflorestamento e a recuperação de 5,2 milhões de hectares de florestas resultaram no sequestro de 5,7 bilhões de toneladas de CO2e. Os Estados Unidos (1,9 bilhão) e o Vietnã (1,2 bilhão) também experimentaram uma recuperação significativa do estoque de carbono florestal, de acordo com o FAOSTAT.
A base de dados também estima as emissões da expansão da drenagem dos solos orgânicos para a agricultura. Neste quesito a Indonésia lidera com 5,6 bilhões de toneladas de CO2e, seguida por Estados Unidos (1,4 bilhão), Papua Nova Guiné (816 milhões), Malásia (690 milhões) e Bangladesh (612 milhões). As emissões na Indonésia, Papua Nova Guiné e Malásia são especialmente altas por causa da drenagem e conversão de áreas de turfas, ricas em carbono.
Somando tudo, o Brasil (25,8 bilhões de toneladas) e a Indonésia (18,7 bilhões) aparecem como os grandes emissores mundiais por uso da terra. Suas emissões combinadas durante o período de 20 anos equivalem a 134% das emissões anuais da queima de combustíveis fósseis da atualidade ou quatro vezes e meia a mais do que as emissões chinesas em 2011.
Enquanto a FAOSTAT apresenta diversos dados interessantes sobre os impactos climáticos de mudanças no uso da terra, a ferramenta tem um ponto fraco: pesquisadores questionam a precisão dos dados, já que muitos são fornecidos pelos próprios países. Assim, especialmente informações sobre cobertura florestal e estimativas sobre o estoque de carbono em regiões de turfas são bastante suspeitos.
De qualquer forma, essa base de dados é atualmente a mais abrangente série de estatísticas sobre emissões do uso da terra e ajuda pesquisadores e analistas ao ser um ponto inicial para realizar medições.
Estudos recentes indicaram que o desmatamento responde por cerca de 10% das emissões globais de gases do efeito estufa resultantes das emissões humanas. A agricultura e a degradação das turfeiras emitem menos, mas nem por isso uma quantidade insignificante.



Leia o original no Mongabay (inglês)


Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

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