terça-feira, 21 de junho de 2011

Código Florestal Brasileiro – Reforma: debates e luzes – Murillo Rocha Mendes


A Câmara dos Deputados, há alguns dias, foi palco de uns dos mais esclarecedores e oportunos debates, ao ensejo da apreciação do Projeto de Lei de Reforma do Código Florestal Brasileiro, envolvendo, de um lado, a teorização do absoluto internacionalismo, prevalentemente conservacionista e, do outro, uma postura de incontroverso nacionalismo. Ambas, diga-se por necessário, estruturadas em argumentos ponderáveis.
Em defesa dos interesses nacionais brasileiros, sem descarte de uma necessária e possível harmonização com nosso tão ansiado desenvolvimento, postou-se o relator da reforma, deputado federal por São Paulo, Aldo Rebelo, alagoano da dadivosa Viçosa. Uma tentativa possível de proteger a natureza sem impor danos ao nosso próspero agronegócio; sem embargar nossa exuberante agricultura e nossa robusta pecuária. A lógica nacionalista de que a preservação de nossas florestas subordina-se à boa consecução do nosso desenvolvimento; uma postulação de harmonia entre desenvolvimento e meio ambiente, com predominância desenvolvimentista.
Do outro lado, o conservacionismo categórico que defende a preponderância da boa saúde do nosso planeta, a própria salvação da Terra, ainda que sufoque os anseios nacionais de um rápido desenvolvimento, capaz de nos fazer parceiros paritários das potências de agricultura e pecuária vitoriosas. Uma maneira de afirmar que nascemos num país, mas somos, verdadeira e insofismavelmente, filhos do planeta Terra.
Ocorre, todavia, que essas legítimas e procedentes preocupações não são absolutamente excludentes, incontornáveis; mas, são proposições respeitáveis que o talento e a solidariedade podem, inteligentemente, administrar e harmonizar, acolhendo os legítimos anseios esgrimidos nos entrechoques dos acirrados debates.
Aconteceu, porém, que movimentos e entidades de natureza e índole prevalecentemente hegemônicas, pretextando a defesa de puros e altruísticos objetivos conservacionistas, invadiram o palco dos debates, para revelar a estratégia egoística do sempre levar vantagem. Foi o que fizeram os poderosos do setor primário da economia norte-americana, ao bramir, cinicamente, a bandeira inglória do “fazendas aqui, florestas lá”, que já se movem em direção ao receptivo Congresso americano… Argumentam, como sempre e em casos que tais, com o poder do dinheiro. Pretendem investir pesado para impedir o desmatamento no mundo; claro, depois de haverem consumado a sua abominável predação. Não são, pois, as preocupações com a saúde do nosso planeta, sua verdadeira causa… Trata-se, confessadamente, da tese oportunista de elevação dos ganhos da agricultura norte-americana, através da asfixia das atividades agrícolas e pecuárias dos países tropicais, para impossibilitá-los de serem seus competidores.
A preservação de nossas florestas não contraria, em tese, nosso tão acalentado e perseguido desenvolvimento sócio-econômico; nem, por outro lado, esse nosso ansiado desenvolvimento, com progresso e felicidade para o povo, passará, necessariamente, pelo malsinado desmatamento. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Caberá ao Senado Federal encontrar a requerida solução salomônica.
Sobre o autor
Murillo Rocha Mendes
 Fonte: www.ojornalweb.com

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