segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Empresas paulistas trocam controle químico de pragas pelo biológico

Produzir de forma limpa, sem contaminar as pessoas, o ambiente e os alimentos com agrotóxicos é um desafio que todo agricultor gostaria de vencer. Em São Paulo, algumas fazendas estão usando uma tecnologia alternativa para combater pragas de forma natural, sem usar veneno.
Em Piracicaba, o controle natural é feito com insetos que matam outros insetos e com fungos e bactérias capazes de contaminar lagartas, mariposas e várias pragas que atormentam os agricultores.
O agrônomo José Roberto Parra, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), trabalha nessa área há mais de 30 anos e é especialista no assunto. “Nós aqui estudamos arduamente as pragas, porque a partir do conhecimento delas é que nós vamos identificar o que é realmente um inimigo natural. Vamos também conhecê-lo, estudar sua biologia e tentar identificar qual é o melhor, qual é o mais eficiente, qual é aquele que deve ser multiplicado em laboratório”, explica.
Para reproduzir os inimigos naturais é preciso criar também as pragas. Por isso, as prateleiras do laboratório estão cheias de lagartas, percevejos e vespas. Hoje, a vedete do laboratório é a vespa tamaríxia, inimiga natural do psilídeo, outro inseto que transmite uma grave doença dos citrus: o amarelão, também chamado de HLB ou greening. Ele coloca seus ovos nas folhas e galhos novos da laranjeira e quando eclodem nascem aas ninfas, que se alimentam da seiva da planta e, ao mesmo tempo, injetam na laranjeira a bactéria causadora do amarelão.
O controle biológico pode substituir o uso de produtos químicos no combate de muitas pragas com algumas vantagens. “O controle químico é sabidamente responsável por problemas de contaminação, seja ao ambiente, seja ao homem ou aos polinizadores. Com o controle biológico não existem problemas de desequilíbrio, de contaminação da água, do solo e do homem. Os alimentos não são prejudicados”, garante José Roberto.
Apesar dessas vantagens, o controle biológico ainda é pouco usado no Brasil. “Enquanto na Europa e nos Estados Unidos existem cerca de 230 inimigos naturais disponíveis no mercado, no Brasil temos entre oito e 12 agentes de controle biológico disponíveis”, diz o agrônomo.
O setor que mais trabalha com controle biológico no Brasil é o da cana-de-açúcar. O sistema é usado, principalmente, para combater uma lagarta que fura os colmos da cana e ainda abre caminho para entrada de fungos e bactérias.
Para controlar a broca, a Raízen, grupo que tem usinas em São Paulo e Goiás, trabalha com uma espécie de vespa, a cotésia, criada em laboratórios próprios. “Os resultados são históricos e comprovados. É um trabalho que exige um certo critério no momento da liberação, condições ambientais favoráveis, mas o resultado é comprovado”, afirma o agrônomo Rodrigo Vinchi, gerente técnico do grupo.
A empresa afirma que, além de eficiente, o controle biológico é mais seguro e barato do que os agrotóxicos. “Hoje o controle da broca feito com cotésia fica 30% mais barato do que com controle químico”, diz Rodrigo.
Mesmo com pouco inimigo natural disponível no mercado brasileiro, essa tecnologia tem tudo para crescer no Brasil, com os preços acessíveis e a oferta de riscos menores para a saúde do trabalhador e do meio ambiente.

Fonte: Globo Natureza (http://g1.globo.com/)

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