quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Mudanças climáticas podem reduzir economia mundial em 3,2% até 2030, alerta relatório


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As perdas para a agricultura e a pesca sozinhas podem chegar a mais de US$ 500 bilhões por ano até 2030.Foto: leetucker

Caso o mundo fracasse no combate às mudanças climáticas, mais de 100 milhões de pessoas vão morrer e o crescimento econômico global será reduzido em 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030, alerta um relatório encomendado por 20 governos divulgado na quarta-feira, 26 de setembro. As informações são da agência Reuters.
À medida que as temperaturas médias globais sobem devido às emissões dos gases de efeito estufa (GEE), as consequências sobre o planeta, tais como derretimento de calotas de gelo, condições meteorológicas extremas, secas e elevação dos mares, vão ameaçar populações e meios de subsistência, destaca o relatório conduzido pela organização humanitária Dara.
O órgão calculou que 5 milhões de mortes ocorrem a cada ano devido à poluição do ar, fome e doenças como resultado das mudanças climáticas e das economias com uso intenso de carbono, e esse número provavelmente vai subir para 6 milhões por ano até 2030 se os atuais padrões de uso de combustíveis fósseis continuar.
"Uma crise combinada carbono-climática deve custar 100 milhões de vidas entre agora e o final da próxima década", estima o relatório. O documento afirma ainda que os efeitos das mudanças climáticas tinham reduzido a produção global em 1,6% do PIB mundial, ou US$ 1,2 trilhão por ano.Mais de 90% dessas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento, aponta o relatório, que calculou o impacto humano e econômico das mudanças climáticas em 184 países em 2010 e 2030. O documento foi encomendado pelo Fórum Clima Vulnerável, uma parceria de 20 nações emergentes ameaçadas pelas alterações bruscas do clima.
As perdas poderiam dobrar para 3,2% do PIB mundial até 2030 se for permitido que as temperaturas globais subam, ultrapassando 10% antes de 2100. O custo de mudar o mundo para uma economia de baixo uso de carbono é estimado em cerca de 0,5% do PIB nesta década.

Conta do prejuízo

Em resposta ao relatório, a Oxfam Internacional ressaltou que os custos de uma falta de ação política sobre o clima são "surpreendentes". "As perdas para a agricultura e a pesca sozinhas podem chegar a mais de US$ 500 bilhões por ano até 2030, fortemente concentradas nos países mais pobres, onde milhões dependem desses setores para ganhar a vida", acrescentou o diretor-executivo Jeremy Hobbs.

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Degelo no Ártico registra nível recorde.
Foto: baine

As temperaturas já subiram cerca de 0,8 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Quase 200 nações concordaram em 2010 em limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2 graus Celsius para evitar os impactos perigosos das mudanças climáticas. Mas cientistas do clima alertam que a chance de limitar o aumento para menos de 2 graus está ficando menor à medida que as emissões globais dos GEE aumentam devido à queima de combustíveis fósseis.
"Um grau Celsius de aumento da temperatura está associado com perda de 10% da produtividade na agricultura. Para nós, isso significa perder cerca de 4 milhões de toneladas de grãos de alimentos, representando em torno de US$ 2,5 bilhões. Isso é cerca de 2% do nosso PIB", exemplificou o primeiro-ministro de Bangladesh, xeique Hasina, em resposta ao relatório.As nações mais pobres são as mais vulneráveis, pois enfrentam maior risco de seca, escassez de água, quebra de safra, pobreza e doenças. Em média, elas podem ver uma perda de 11% do PIB até 2030 devido às alterações climáticas, afirmou a Dara.
Entre o final de novembro e o início de dezembro, representantes de mais de 190 países estarão reunidos em Doha (Catar) para a 18ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-18). Um dos principais temas a serem debatidos na cúpula será a prorrogação do Protocolo de Kyoto, uma vez que a primeira fase do tratado expira no último dia de 2012. O problema é que além dos Estados Unidos, que nunca o ratificaram, outros governos desenvolvidos têm deixado o acordo de lado nos últimos meses, como Canadá, Rússia e Japão.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org

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