quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Estudo analisa a cobertura vegetal e uso do solo na Bacia do Alto Paraguai

Estudo realizado por um grupo de ONGs que atuam no Pantanal, entre elas o WWF-Brasil, faz uma radiografia da  dinâmica de uso e ocupação do solo e as alterações na cobertura vegetal da Bacia do Alto Paraguai (BAP). O diagnóstico, que está na sua segunda edição, foi lançado nesta terça-feira, em Campo Grande (MS) e entregue à vice-governadora do Estado, Simone Tebet. . Os dados vão ajudar no monitoramento dessa bacia hidrográfica que abriga o Pantanal, a maior planície alagável de planeta e berço de uma rica biodiversidade.
 
 O estudo revela que a planície alagável, onde está o Pantanal, ainda está bem preservada, com 86,2% de sua vegetação original. No entanto, no planalto da BAP, formado por áreas de Cerrado e onde está a maior parte das nascentes que abastecem o Pantanal, este índice é de apenas 40,7%. De 2008 a 2010, período em que o monitoramento foi feito, a conversão de áreas naturais para uso antrópico (ação humana) foi de 0,80% na planície e de 1,56% no planalto da bacia hidrográfica. O total de conversão de áreas naturais na planície é de 13,8% e de 58,2% no planalto (dados de 2010).

O monitoramento mostra também que a pecuária continua sendo o segmento com uso antrópico mais representativo na BAP, tendo sido registrado um pequeno aumento na conversão de áreas para esse uso em relação ao levantamento de 2008. Na planície, a conversão de habitats para uso de pastagens passou de 11,1% para 11,3% e, no planalto, aumentou de 43,5% para 43,9%. A agricultura manteve o mesmo índice de conversão na planície (0,3%), mas aumentou de 9% para 10% no planalto.

O trabalho foi realizado pelas ONGs Conservação Internacional, Fundação Avina, Instituto SOS Pantanal, WWF-Brasil e pela Embrapa Pantanal. Também teve o apoio da SOS Mata Atlântica e da Ecoa-Ecologia e Ação, e execução técnica da Arc Plan. O objetivo foi ter uma ferramenta periódica de monitoramento das alterações da cobertura vegetal e de uso do solo da região A intenção das instituições parceiras é que os dados sejam usados para subsidiar políticas públicas ambientais e ações que contribuam para conservação da BAP e, consequentemente, do Pantanal .

Por isso, antes do lançamento do estudo, os representantes das instituições parceiras entregaram os resultados do monitoramento à vice-governadora do Mato Grosso do Sul, Simone Tebet.

Durante a reunião, a vice-governadora disse que o estudo representa uma contribuição importante para o Estado. Ela destacou que Mato Grosso do Sul tem um terço de sua área formada pelo Pantanal e que os dados do monitoramento irão ajudar no estabelecimento de políticas voltadas para a preservação ambiental e também para outras áreas de atuação do governo. “O estudo abre portas para a busca de novas alternativas socioeconômicas que valorizem a cultura pantaneira e a preservação desse importante patrimônio natural", disse a vice-governadora

.A Bacia do Alto Paraguai é transfronteiriça e possui uma área total de aproximadamente 620 mil quilômetros quadrados. Deste total, 60% encontram-se em território brasileiro e o restante na Bolívia e no Paraguai. O monitoramento, no entanto, é limitado ao lado brasileiro. Embora o Pantanal seja conhecido pela planície alagável, a maior parte das suas nascentes está no planalto da BAP. Por isso, o estudo analisa das duas regiões. E o estudo revela que é no planalto onde houve maior conversão de áreas naturais.

O superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Michael Becker, ressaltou que esse diagnóstico é uma ferramenta de monitoramento que ajuda a olhar a região como um todo. “Não só o Pantanal, de forma isolada, mas toda a bacia hidrográfica que o alimenta. No entanto, segundo Becker, o estudo pode ser ampliado com informações de outras análises que ajudem a ver aspectos que não foram analisados neste monitoramento. “O estudo permite que a gente qualifique e complemente essas informações com base em dados de outros trabalhos que cada instituição vem realizando na região”, destacou.

Conforme Becker, o desafio das instituições e dos governos é garantir a conservação desse patrimônio natural, o Pantanal, valorizando iniciativas que tenham menor impacto na região. “ “O WWF-Brasil vem atuando sob essa perspectiva com o apoio a projetos sustentáveis na região como a pecuária orgânica certificada e práticas produtivas sustentáveis”, exemplificou.

Para a vice-presidente da SOS Pantanal, Lusiane Fredrich, os dados do estudo serão muito úteis para os trabalhos a instituição vem desenvolvendo no Estado. No ano passado, a ONG realizou uma expedição pelo Pantanal e fez um levantamento de iniciativas sustentáveis no Pantanal. “O cruzamento dos dados do estudo com as informações que colhemos no campo irá ampliar essa análise”, avaliou.

De acordo com a chefe-geral da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakame de Resende, o estudo traz uma excelente contribuição para o Pantanal, com dados importantes disponibilizados a governos e instituições. “Informação é fundamental para a tomada de decisão. Por isso, é muito positivo que um grupo de ONGs tenha se unido para produzir esse diagnóstico do qual a Embrapa Pantanal também parceira”, salientou

.Este é o segundo monitoramento realizado pelas instituições na BAP e a intenção que é que ele seja realizado a cada dois anos. O primeiro,, lançado em 2010 analisou o período de 2002 a 2008. A nova edição refere-se ao período de 2008 a 2010 e tem como base os dados do estudo anterior.

Os dados da primeira edição do monitoramento foram utilizados por 72 instituições de pesquisa, universidades, governos e organizações não-governamentais. “Ficamos surpresos com o interesse que ele despertou", destacou Michael Becker.

Fonte: Instituto Carbono Brasil (http://www.institutocarbonobrasil.org.br/)

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