quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Regras para crédito rural reduziram o desmatamento na Amazônia em 15%, afirma estudo

Pesquisadores enfatizam que a restrição de recursos financeiros tem um papel importante no controle do desmatamento na Amazônia


A introdução em 2008 da Resolução 3545 pelo Conselho Monetário Nacional determinou que os bancos públicos e privados que operam com crédito rural passassem a exigir dos grandes produtores e dos agricultores dos assentamentos rurais na região Amazônica documentos que comprovem a regularidade ambiental.
Essa nova regra para o crédito rural ajudou a evitar o desmatamento de mais de 2.700 Km2 – o que representa uma retração de 15% - entre 2008 e 2011 na Amazônia, afirma um novo estudo realizado por pesquisadores brasileiros para o Climate Policy Institute, uma ONG norte-americana com escritório na PUC do Rio de Janeiro.
O crédito rural é um dos mais tradicionais mecanismos de apoio à agricultura brasileira. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estima que aproximadamente 30% dos recursos necessários em um ano safra típico são financiados através do crédito rural, explica o estudo.
Em 'O crédito afeta o desmatamento? Evidência de uma política de crédito rural na Amazônia brasileira'  (em inglês, veja o sumário em português) os pesquisadores estimam que 2,9 bilhões de reais em créditos rurais deixaram de ser direcionados devido às restrições impostas pela Resolução 3545.
A análise mostra que o impacto da resolução apenas foi significativo em municípios onde a criação de gado é a principal atividade econômica, e não a agricultura.  Ou seja, isso indica que os pecuaristas têm mais restrições ao crédito. 
Isso pode ter duas explicações, sugerem os pesquisadores, ou o setor agrícola está mais organizado - mais bem equipado para atender aos requisitos legais ou mais preparado com fontes alternativas de renda - ou está investindo mais na intensificação da produção e não na ampliação da área plantada - o que leva ao desmatamento.
Os produtores de grande porte também parecem ser os mais afetados, ao invés dos pequenos, que estão submetidos a regras menos rígidas.
“Através das nossas análises fica claro que a política de crédito rural no Brasil está ajudando a reduzir o desmatamento”, comentou Juliano Assunção, diretor do CPI Rio e professor do Departamento de Economia da PUC-Rio. “Entretanto, também vemos que o design e os detalhes da implementação são importantes”.
Uma das conclusões ressaltadas pelos pesquisadores é que políticas que aumentam a disponibilidade de recursos financeiros (como pagamento por serviços ambientais) podem levar a maiores taxas de desmatamento. Portanto, notam, "o desenho das políticas deve considerar a natureza das restrições financeiras predominantes na Amazônia, a fim de evitar potenciais efeitos adversos".

A taxa de desmatamento na Amazônia brasileira caiu significativamente nos últimos anos, de 27 mil km2 em 2004 para 5 mil Km2 em 2011. 

Porém, dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados na semana passada, indicam que o desmatamento acumulado no período de agosto a dezembro de 2012 totalizou 1.288 quilômetros quadrados, um aumento de 127% em relação ao mesmo período do ano anterior. 
Em um estudo anterior (CPI Rio/NAPC - Assunção et al. 2011), o CPI Rio concluiu que políticas de conservação do governo introduzidas em meados dos anos 2000 impediram a perda de cerca de 62.000 km2 de floresta entre 2005 e 2009, ou aproximadamente a metade do desmatamento que aconteceria na ausência dessas políticas. 


Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

Demanda por madeira deve triplicar até 2050


O aumento da população, da demanda e do uso da madeira em bioenergia podem triplicar a quantidade de madeira que a sociedade retira anualmente das florestas e plantações florestais até 2050, afirma o novo capítulo do Relatório Florestas Vivas, da Rede WWF. 
O estudo foi apresentado hoje em Frankfurt (Alemanha) durante a Paperworld, a conferência internacional sobre papel, e prevê que a produção e o consumo de papel duplicarão nas próximas três décadas e que o consumo total de madeira poderá triplicar.
“Um cenário no qual a sociedade retira o triplo de madeira das florestas e das plantações florestais precisa motivar um maior cuidado para proteger as florestas. Do contrário, os locais onde a madeira cresce serão destruídos”, disse Rod Taylor, diretor do Programa Mundial de Florestas da Rede WWF.
"A madeira, quando obtida de florestas ou plantações bem manejadas, é um material renovável que apresenta muitas vantagens em relação a alternativas não renováveis. O desafio para as indústrias de base florestal é como fornecer mais produtos madeireiros com menos impacto na natureza. E esse desafio se estende por toda a cadeia de produção, desde o local e a forma como a madeira cresce e é colhida até quão inteligente e eficiente é seu processamento, uso e reuso”.
A meta de conservação das florestas da Rede WWF é alcançar zero desmatamento líquido e zero degradação florestal liquida até 2020, o que significa não ter nenhuma perda de área nem de qualidade florestal. Essa meta exige que a perda das florestas naturais seja reduzida e chegue próximo a zero, em lugar dos 13 milhões de hectares anuais que são perdidos atualmente.
“A pesquisa da Rede WWF sugere que é possível alcançar o desmatamento líquido e a degradação florestal líquida zero e, ao mesmo tempo, manter o vigor da indústria de produtos madeireiros”, afirmou Emmanuelle Neyroumande, coordenadora em nível mundial do trabalho da Rede WWF sobre celulose e papel. 
“No entanto, quanto mais adiarmos as ações, mais difíceis e caras se tornam as soluções. Precisamos consumir de forma mais sábia e eficiente, bem como adotar práticas florestais responsáveis, boa governança e mais transparência”.
Em relação ao papel, o Relatório Florestas Vivas propõe soluções, como:
Mais reciclagem nos países com baixos índices de recuperação – se os índices de reciclagem aumentassem, no futuro a sociedade precisaria de menos material virgem, mesmo no caso de se ter um maior consumo mundial de papel. O cenário para 2020 demonstra que um aumento de 25% na produção de papel poderia demandar uma quantidade ainda menor de insumo de fibra virgem, desde que o nível global de uso de fibra reciclada, que hoje é de 53%, aumente para 70%.  Os índices de recuperação do papel variam enormemente entre os países.  Portanto, é grande o potencial dos esforços para aumentar a reciclagem nos países que apresentam baixos índices de recuperação e do crescimento elevado do consumo para provocar uma redução da pressão sobre as florestas naturais.
Eficiência no uso de recursos e padrões mais justos de consumo – eficiência no processamento e na manufatura pode ajudar a produzir mais produtos com a mesma quantidade de madeira.  Além disso, os atuais padrões de consumo das nações ricas (10% da população mundial consome 50% do papel mundial) não podem ser adotados de forma sustentável pelos países em desenvolvimento.  As nações mais ricas podem reduzir seu desperdício no uso do papel, enquanto as nações mais pobres precisam de mais papel para a educação, higiene e segurança alimentar.
Plantações para reduzir a pressão sobre as florestas naturais - a demanda líquida pela madeira provavelmente aumentará mesmo se houver um uso mais contido, com mais reciclagem e maior eficiência.  Se a perda de florestas naturais ficar próxima de zero após 2020, sem que haja uma redução significativa no consumo, até 2050 precisaremos de até 250 milhões de hectares de novas plantações de árvores.  Isso é quase o dobro das plantações hoje existentes.  Portanto, plantações bem manejadas e que contribuam para restaurar os ecossistemas,, principalmente se feitas em terras que já estão degradadas, desempenharão um papel cada vez mais relevante. 
Florestas bem manejadas – a demanda crescente certamente também irá pressionar ainda mais as florestas naturais.  O relatório indica que, até 2050, a colheita comercial (de madeira) atingirá 25% mais florestas do que hoje. A certificação florestal continuará a ser um instrumento importante para melhorar as práticas de manejo florestal por meio de um mecanismo de mercado.
Desafio energético – até 2050, a demanda anual de madeira para uso energético poderá chegar a entre 6 e 8 bilhões de metros cúbicos, o que demandará mais do que o dobro da madeira hoje retirada para todo tipo de uso.  Isso representa um desafio para o planejamento do uso sustentável da terra.  Segundo a Rede WWF, a bioenergia tem um importante papel entre as diversas alternativas para combustíveis fósseis, além de oferecer outras fontes de renda e maior segurança energética para as comunidades rurais.
No entanto, para que tais benefícios se tornem realidade, a utilização da bioenergia deve ser cuidadosamente planejada, executada e monitorada, para que haja sustentabilidade ambiental e social. A má gestãomanejo da produção bioenergética pode destruir ecossistemas valiosos, diminuir a segurança alimentar e hídrica, prejudicar comunidades rurais e prolongar o desperdício no consumo de energia.
Nas próximas décadas, a humanidade provavelmente utilizará mais madeira e de mais maneiras. Devido ao aumento maciço na demanda projetada de madeira e de papel, a indústria de base florestal é chave para a conservação das florestas.  Para que a madeira possa desempenhar um papel positivo numa economia “verde”, baseada em recursos renováveis, é preciso que as florestas de produção sejam bem manejadas e sigam os mais elevados padrões ecológicos e sociais, e que o uso e a recuperação dos produtos madeireiros se tornem mais eficientes.

O que é Desmatamento Líquido Zero e Degradação Florestal Líquida Zero?

A Rede WWF define Desmatamento Líquido Zero e Degradação Florestal Líquida Zero (ZNDD, sigla em Inglês) como nenhuma perda líquida florestal por meio do desmatamento e nenhum declínio líquido da qualidade florestal por meio da degradação das florestas. Há alguma flexibilidade no ZNDD: não significa a mesma coisa que nenhuma remoção da cobertura florestal sob quaisquer circunstâncias.
Por exemplo, o ZNDD reconhece o direito das pessoas de fazer um corte raso com finalidade agrícola, bem como o valor de ocasionalmente compensar as florestas degradadas para livrar outras áreas para restaurar corredores biológicos importantes, desde que os valores de biodiversidade, a quantidade e a qualidade líquidas das florestas sejam mantidas. 
Ao defender o ZNDD até 2020, a Rede WWF enfatiza: (a) a maior parte das florestas naturais deve ser mantida – o índice anual de perda das florestas naturais ou seminaturais deve ser reduzido para um nível próximo de zero; e (b) qualquer perda bruta, ou degradação bruta, de florestas naturais virgens precisam ser compensadas por uma área equivalente de restauração florestal socialmente e ambientalmente saudáveis. Nessa contabilidade, as plantações são se equiparam às florestas naturais, pois muitos valores são reduzidos quando uma plantação substitui uma floresta natural.
Os três primeiros  capítulos do Relatório Florestas Vivas, da Rede WWF, foram publicados em 2011:

Capítulo 1 – Florestas para um Planeta Vivo analisa as causas do desmatamento e a necessidade de se adotar um novo modelo sustentável para a atividade florestal, a atividade agrícola e o consumo, por meio do  ZNDD.

Capítulo 2 – Florestas e Energia analisa as salvaguardas necessárias para garantir que o uso cada vez maior da bionergia ajude a prover segurança energética, desenvolvimento rural e redução dos gases de efeito estufa (GHG), sem com isso destruir ecossistemas valiosos nem prejudicar a segurança alimentar e hídrica.

Capítulo 3 – Florestas e Clima – REDD+ numa Encruzilhada destaca a Redução das Emissões Oriundas do Desmatamento e da Degradação Florestal (REDD+) como uma oportunidade única de se reduzir as emissões de gases de efeito estufa oriundos da floresta, em tempo hábil para prevenir as galopantes mudanças climáticas -- embora isso só poderá ocorrer se forem feitos investimentos agora.

*Crédito das imagens:
1. WWF-Brasil / Simon Rowles. Quando a sociedade retira o triplo de madeira suportado pelas florestas e plantações, é preciso maior proteção para as florestas.
2. WWF-Brasil/Bruno Taitson. A madeira obtida de florestas ou plantações bem manejadas é um material renovável com muitas vantagens em relação a alternativas não renováveis.


Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

Empresa transforma madeiras de demolição em móveis exclusivos


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Marcos Almeida diz que a empresa já nasceu com consciência ecológica
Fotos: Rômulo Portela

Por Revista B+

Os canteiros de obras, amontoados por materiais que ainda chamamos de "lixo", são na verdade uma verdadeira fonte de matérias-primas para os sócios Marcos Renê Almeida, Ricardo Soares Damasceno, Angelita Pavão e Marcos Vinícius Mendonça.
Fundadores da Mega Madeira Móveis, eles transformam madeiras de demolição, dobradiças, ferragens, garrafas, portas, janelas em móveis de design moderno, sofisticado e exclusivo, cativando arquitetos e decoradores baianos.
A nova vida dada a peças que seriam amontoadas em um aterro é o que Marcos Almeida explica como a “consciência ecológica” que já nasceu com a empresa: “Evocamos elementos como a reciclagem e a reutilização de produtos em nosso projetos”, enfatiza.
A empresa produz e comercializa móveis de tipos variados, como mesas de centro, armários, balcões, cadeiras, peças raras e modelos de época, a exemplo de antigas máquinas registradoras, balcões de bares e farmácias, dormentes, monjolos e rodas d’água.
Há projetos executados e sob medida. O músico e também arquiteto Durval Lelys já desenhou e contribuiu com o trabalho da Mega Madeira, a exemplo da linha “Coco Bambu”, da mesa de centro “Gladiador” e do sofá “Padang Beach”.
No mercado há cinco anos, com fábrica própria na região da estrada Cia-Aeroporto e loja no bairro Caminho das Árvores, o faturamento da Mega Madeira Móveis cresce a uma média de 50% ao ano. “Nosso principal público é de alto padrão, que costuma ter uma consciência ecológica mais avançada”, ressalta Marcos. Entre os clientes da loja estão o condomínio Reserva Imbassaí, Pousada Tayuana e restaurantes como Pereira e Casa de Palha.


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Requinte e sustentabilidade conquistam o gosto dos mais requintados 

Aposta de mercado

Os sócios apostam ainda mais na área de sustentabilidade e decidiram investir na técnica de Madeira Laminada Colada (MLC), proveniente de florestas plantadas, principalmente de eucalipto e pinus. “A sustentabilidade é o único caminho”, defende o Marcos. A MLC alia colagem com laminação, uma reconstituição da madeira a partir de lâminas (tábuas). A alta resistência ao fogo e a substâncias químicas é outra vantagem apontada pelos especialistas.
Marcos lembra que os órgãos fiscalizadores, como o Ibama, apertam cada vez mais o cerco contra os que insistem em fornecer e comercializar madeira oriunda de desmatamento e adianta: “Planejamos a implantação de uma fábrica de MLC até 2014, nas imediações da Região Metropolitana de Salvador”.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Chuveiro de ar reduz gastos de água em até 50%


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O aparelho reduz a vasão da água pela metade, mas mantem uma alta pressão
Fotos: Divulgação

O consumo de água cresce expressivamente no verão. A temperatura alta faz com que as pessoas levem mais tempo no banho, por exemplo. Uma boa maneira de reduzir o gasto excessivo é tornar o chuveiro mais econômico, com a utilização de dispositivos como o Oxijet, um aparelho que reduz a vasão da água pela metade, mas mantendo uma alta pressão.
O segredo do Oxijet, desenvolvido pela empresa Felton, da Nova Zelândia, em colaboração com a Australia's Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), é que ele injeta pequenas bolhas de ar nas gotas de água.

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Segundo a empresa, existem outros sistemas de chuveiro de ar, mas o diferencial do Oxijet está no seu encaixe que pode ser instalado em praticamente qualquer padrão de chuveiro. "O conceito do chuveiro não é novo, mas a tecnologia por trás do nosso dispositivo sim. Ela usa uma inserção gaseificada, na qual permite que o dispositivo funcione em chuveiros já instalados”, explicou Jie Wu, um dos especialistas.


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O dispositivo foi testado no Novotel Northbeach em Wollongong, na Austrália, e aprovado por Walter Immoos, gerente do local. "Gastamos cerca de 10 milhões de litros de água por ano, portanto, qualquer economia é muito importante. Além disso, os nossos clientes aprovaram o banho", afirmou. O Oxijet é já está disponível para compra na Austrália.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org

Calor emitido por cidades pode alterar padrões climáticos


Novo estudo publicado na Nature Climate Change revela que ilhas de calor urbano não apenas modificam a temperatura das cidades e seus arredores, mas também podem influenciar sistemas climáticos a milhares de quilômetros de distância


As ilhas de calor urbano (ICUs) são um fenômeno já bem conhecido pelos cientistas climáticos: as alterações na paisagem natural, bem como as atividades humanas, fazem com que mais calor seja produzido nas cidades, o que pode fazer com que a região seja até 5ºC mais quente do que as áreas mais distantes do perímetro urbano.
No entanto, uma nova pesquisa realizada por uma equipe da Instituição Scripps de Oceanografia e do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos revelou que esse calor gerado nas cidades não afeta apenas a temperatura do perímetro urbano e suas proximidades, mas pode alterar sistemas climáticos a milhares de quilômetros de distância e em diferentes épocas.
Segundo a análise, publicada neste domingo no periódico Nature Climate Change, as mudanças causadas pelo calor gerado em áreas urbanas do Hemisfério Norte pode levar a até 1ºC de aquecimento no inverno.
Para chegar a essa conclusão, Guang Zhang, líder do estudo, e seus colegas analisaram o consumo de energia que gera o calor liberado no perímetro urbano. Em 2006, o consumo mundial de energia foi de 16 terawatts (16 trilhões de watts). Destes, 6,7 TW foram consumidos em 86 áreas metropolitanas no Hemisfério Norte.
Avaliando os padrões de consumo de energia por computador, eles calcularam que o calor emitido seria suficiente para modificar as correntes de ar e para tornar algumas regiões notavelmente mais quentes. No geral, essas mudanças têm um efeito leve, mas perceptível, nas temperaturas mundiais, aumentando-as em média em 0,1ºC.
“O que descobrimos é que o uso de energia de diversas áreas urbanas coletivamente pode aquecer a atmosfera remotamente, a milhares de quilometros de distância das regiões de consumo de energia. Isso é realizado através de mudanças na circulação atmosférica”, comentou Zhang.
De acordo com os cientistas, esse fenômeno é diferente das ICUs porque afeta as correntes de ar e fortalece os fluxos atmosféricos nas latitudes médias, enquanto as ICUs se concentram nas proximidades das cidades.
Apesar de não estabelecer o quanto esse fenômeno contribui na aceleração do aquecimento global, os autores declararam que o efeito do aquecimento urbano colabora para a diferença entre a elevação das temperaturas observada na prática e o aquecimento de inverno simulado por modelos usados pela ciência para análise e previsão do clima.
Por isso, os pesquisadores sugerem que a influência do consumo de energia também seja usada, assim como a emissão de gases do efeito estufa e de aerossóis, como uma variável dos modelos climáticos de computador.
“Uma estimativa melhor e mais precisa do uso global de energia baseada em informação de cidade a cidade deve ser desenvolvida para dar conta plenamente do impacto climático devido ao consumo de energia nas futuras projeções de mudanças climáticas”, concluíram.


Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

Lixões preocupam prefeitos


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Gestores aproveitam primeiro dia de evento em Brasília para tirar dúvidas sobre assuntos ligados ao MMA
A sala de atendimento do Ministério do Meio Ambiente (MMA), no Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, foi bastante movimentada nesta segunda-feira (28), primeiro dia do encontro. Gestores, vindos de diferentes regiões do país aproveitaram a manhã para obter informações sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que trata do fim dos lixões. Pela lei, estes depósitos de lixo a céu aberto precisam ser substituídos por aterros sanitários até 2014.
Representantes do MMA orientaram os gestores sobre quais instrumentos o governo federal oferece para auxiliar nesse processo. O prefeito de Tamarana (PR), Paulino de Souza, por exemplo, buscou informações sobre a formação de consórcios. O gerente de Projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Saburo Takahashi, afirmou que a maioria dos dirigentes municipais procurou se informar sobre os procedimentos do ministério e os recursos disponíveis, além de dados sobre a formação dos planos municipais de resíduos sólidos. Ele atendeu 14 prefeitos nesta manhã.
Prejuízo
O diretor do Departamento de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campelo, também reforça que o descarte incorreto dos resíduos sólidos afeta e envolve a todos. Os lençóis freáticos e os animais, como o gado, por exemplo, podem ser prejudicados se não houver o descarte adequado do lixo.
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) também foi tema bastante solicitado. A prefeita de Torres (RS), Nívea Pereira, veio com sua equipe receber orientação sobre como deve proceder para cadastrar os imóveis rurais em seu município. ”Fui muito bem orientada”, disse a gestora, que conversou com o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, Paulo Guilherme Cabral.
Os prefeitos também se informaram sobre o programa Bolsa Verde e Unidades de Conservação. O atendimento tem sido feito de forma compartilhada, pois todas as áreas do Ministério do Meio Ambiente estão relacionadas entre si, explica o gerente de Recursos Genéticos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, Lídio Coradi. Os estados mais representados foram os de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, São Paulo, Paraná e Piauí. A sala de atendimento permanece nesta segunda à tarde e segue até quarta-feira (30).
Fonte: http://envolverde.com.br

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Especial Amazônia: Desafios e caminhos para o manejo florestal sustentável

  Em 12 anos de estudo, o engenheiro florestal Eder Zanetti, consultor e ex-pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), elencou critérios e indicadores em 20 países para poder situar a Amazônia brasileira no contexto mundial de MFS.

Manejo Florestal Sustentável (MFS) pode ser definido como uso da floresta para determinado fim, garantindo retorno econômico, benefício social e ganho ambiental da atividade. No mundo há cerca de 1,6 bilhões de hectares de florestas que são manejados de forma sustentável, segundo a Food Agriculture Organization (FAO), dados de 2010.
Em 12 anos de estudo, o engenheiro florestal Eder Zanetti, consultor e ex-pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), elencou critérios e indicadores em 20 países para poder situar a Amazônia brasileira no contexto mundial de MFS. Na tese finalizada em 2012, Eder concluiu que o Brasil, quando avaliado em sua totalidade, é o primeiro país do mundo em avanço do MFS.
“[O setor florestal brasileiro] ele é o mais atrativo do mundo em termos de investimento (…) esse setor tem avançado no Piauí, no Maranhão, em Tocantins; são estados que têm desenvolvido programas florestais de suporte à indústria, atração de investimento, geração de emprego e renda e (…) atraem investimento do mundo inteiro”, explicou Eder.
Para a Amazônia brasileira, quando avaliada segundo os critérios e indicadores do estudo, a classificação do MFS na região cai para 7ª colocação. O consultor explica que o fato da legislação regional ser mais rígida e as alternativas silviculturas de outras regiões do país não poderem ser usadas na Amazônia causa exclusão social no processo de gestão florestal. Além disso, Eder aponta que as tecnologias silviculturais na Amazônia são “arcaicas”.
“O corte seletivo com regeneração natural mina a produtividade da florestal, acaba com seu potencial genético”, diz Eder.
A regeneração natural é uma forma de manejo florestal que seleciona as árvores de certo diâmetro para corte visando o aproveitamento da madeira. Entretanto, estas árvores são também fornecedoras de sementes e promovem variabilidade genética para a floresta. Uma vez que são retiradas, apenas algumas árvores maiores serão fornecedoras de sementes e a variabilidade genética é reduzida.
“A gente observa o sucesso das florestas no mundo inteiro: a grande maioria das plantações florestais é de espécies nativas”, argumenta.
No Brasil a grande maioria de plantações é de espécies introduzidas, em sua maioria eucalipto e pinus. Estima-se que estas duas espécies são plantadas em uma área de 6,5 milhões de hectares distribuídos em quase todos os estados do país, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF).
É importante salientar que Eder não nega a importância do eucalipto como abastecimento de madeira para energia e outras finalidades, como polpa e papel, mas aponta que é preciso mais investimento em plantações de florestas nativas no sentido de se chegar ao manejo florestal sustentável no país.
Valorização socioeconômica na Amazônia
Riberinhos pescando o Jaraqui no Rio Uatumã, Amazonas (Cortesia de Eduardo Rizzo Guimarães) Segundo o estudo, o desenvolvimento do manejo sustentável da floresta amazônica precisa incluir as pessoas. Não apenas o ambiente precisa ser o foco, mas a geração de renda da população e inclusão social nas políticas públicas é parte do processo para que a Amazônia se desenvolva com o restante do país.
É prioritário o desenvolvimento da educação, saúde e saneamento básico na Amazônia, aponta Eder.
“O principal problema da Amazônia é a exclusão social e econômica da região. Não é que a gente não precise cuidar do meio ambiente, mas esse cuidado ambiental já está muito bem feito. Precisa ter um cuidado social e econômico agora”, afirma o engenheiro florestal.
Conforme vimos em capítulos anteriores, o Índice de Desenvolvimento Humano da Amazônia profunda, onde as pessoas vivem de desmates e queimadas, iguala-se aos piores do planeta.
Eder afirma que é necessário um desenvolvimento do mercado e da economia com inclusão social para valorizar a floresta em pé.
“A principal pauta é gerar um mercado forte e estruturado com inclusão socioeconômica nesse ambiente rico da Amazônia. A partir do momento que se gera condições para que as pessoas consumam produtos que venham das florestas tropicais de manejo sustentável e coloca-se esse dinheiro em funcionamento (…), vai gerar um interesse na continuidade do cultivo dessas florestas”, diz Eder.
Mercados que valorizam a floresta em pé
Atualmente há um mercado que valoriza não apenas os produtos que provém da floresta, como a madeira. É o mercado de serviços florestais, que incluem a água, biodiversidade, carbono, entre outros.
Pupunha, no mercado Ver-o-peso, em Belém, Pará (Cortesia de Gabriel Brejão) “O maior mercado que existe hoje no mundo é o mercado de créditos de água – projetos que vão garantir a qualidade de água no Brasil – isso é muito importante na região da Amazônia (…). A biodiversidade é o segundo maior mercado. O banco de biodiversidade de florestas tropicais da Amazônia brasileira pode garantir um fornecimento de material genético de grande qualidade no futuro. Esse é um dos pontos importantes da gestão desse território”, diz Eder.
O mercado do carbono é outro que, segundo Eder, é importante, se vinculado com as necessidades da sociedade e incentivo do mercado de valorização da produção florestal.
“Simplesmente as estratégias de REDD não vão trazer a solução necessária para implementar o desenvolvimento do manejo sustentável. A produção madeireira tem que ser incentivada. O consumo de madeira tem que ser incentivado e deve ser parte integrante dessas políticas de redução de desmatamento. A redução de desmatamento não é uma função de controle, mas é um incentivo para o mercado para valorizar a produção florestal e permitir que ela se mantenha ativa”, conclui.

Fonte: http://www.painelflorestal.com.br

GOVERNO LIBERA RECURSOS PARA REALIZAR INVENTÁRIO FLORESTAL NACIONAL

O Fundo Amazônia destinará 65 milhões de reais para a realização do Inventário Florestal Nacional (IFN). O contrato foi assinado no dia 24 de janeiro, pela ministra do Meio Ambiente, Izabel Teixeira, e pelo diretor da Área de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guilherme de Lacerda. Os recursos, não reembolsáveis, destinam-se à implantação do Inventário no bioma Amazônia e deve ser concluído em 48 meses.
A ministra explicou que o inventário será realizado em todos os estados, permitindo conhecer os ecossistemas florestais do Brasil. O mapeamento, já realizado em Santa Catarina e no Distrito Federal para testar o modelo proposto, ocorrerá em 22 mil pontos de amostras no país, sendo 4 mil deles somente na região Amazônica.
 
Integração

A finalidade do inventário, segundo Lacerda, é conhecer a realidade para integrar e dar maior eficácia às políticas públicas. Na Amazônia, o chamado Arco do Desmatamento reflete o resultado das rápidas mudanças provocadas na terra pelo desmatamento. O IFN permitirá o monitoramento da qualidade das florestas na região.
Para o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Antônio Carlos Hummel, este inventário é único no mundo e tem importância global: “Conheceremos as florestas por dentro”, argumentou. Ele lembrou que o primeiro e único inventário florestal abrangendo todo país foi realizado na segunda metade da década de 1970 e os resultados divulgados em 1983.
“O Brasil, é um país florestal, já que conserva 60% de cobertura original, nativa”, acrescentou Hummel. Ele explicou que o levantamento é uma ação do governo federal e está em andamento, com informações baseadas na coleta de dados feitos diretamente em campo, em locais previamente definidos, chamados de pontos amostrais.
 
Inventário

A realização do Inventário Florestal Nacional na Amazônia permitirá a formação de um panorama abrangente sobre a qualidade e as condições do que hoje se conhece como cobertura florestal. As espécies arbóreas existentes, o estoque de biomassa e carbono, a qualidade dos solos, o nível de degradação das florestas e a saúde e vitalidade das árvores, por exemplo, poderão melhorar a formulação e a implantação de políticas públicas.
O levantamento dará informações sobre as características da vegetação em áreas desmatadas e que se encontram em processo de regeneração por abandono ou outras razões. O IFN também revelará a percepção das populações locais sobre a existência, uso e conservação dos recursos florestais. Para cada um dos pontos amostrais, serão entrevistados moradores em um raio de até dois quilômetros quadrados.
Para fazer o levantamento de campo, tanto de dados biofísicos quanto os socioambientais, as equipes receberão treinamento na metodologia nacional. Também serão feitas parcerias com os governos estaduais, universidades e instituições de pesquisa da região.

Fonte: http://mundogeo.com/blog

Ministério do Meio Ambiente vai mapear florestas brasileiras


Equipes de técnicos e especialistas começam a ser deslocadas este ano para a Amazônia, onde terão que mapear as florestas da região em detalhes. Atualmente, apesar de o Brasil ser coberto por 60% de florestas nativas, os dados sobre estas áreas limitam-se a imagens da cobertura vegetal, por satélites, por exemplo. O objetivo do governo é detalhar aspectos como a qualidade dos solos, as espécies existentes em cada área e o potencial de captura e emissão de gás carbônico pelas florestas.
Os investimentos para o levantamento somam, pelo menos, R$ 65 milhões. Os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram contratados na quinta-feira (24) pelo Ministério do Meio Ambiente. A proposta é que as equipes coletem em campo as informações sobre as áreas e analisem todo o material que vai compor o Inventário Florestal Nacional (IFN), que começou a ser construído em 2010.
“Em debates internacionais sobre mudanças de clima, por exemplo, saberemos que  florestas são estas que temos, qual a qualidade de nossas florestas, teremos descoberta de espécies, conhecimento sobre espécies em extinção, além das informações sobre a distribuição desses territórios e do potencial de uso econômico das florestas”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O inventário também reunirá informações sobre florestas situadas em outros biomas, como o Cerrado e a Caatinga. Desde que o projeto foi aprovado, o governo mapeou florestas em Santa Catarina e no Distrito Federal, em uma fase experimental. Para o levantamento no Cerrado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento disponibilizou US$ 10 milhões e, em Santa Catarina, os técnicos descobriram florestas que estão sendo regeneradas naturalmente, sem que os especialistas soubessem que o processo estava ocorrendo.
Ao todo serão mapeados quase 22 mil pontos em todo o território nacional. Em toda Amazônia, haverá em torno de 7 mil pontos. Apenas no Arco do Desmatamento, formado por Rondônia, centro e norte do Mato Grosso e leste do Pará e onde será iniciado o levantamento da região, serão levantadas informações de cerca de 3 mil pontos amostrais, distantes 20 quilômetros um do outro.
As informações detalhadas sobres as florestas brasileiras também devem balizar as políticas do governo para conservação da biodiversidade no território nacional e as novas concessões florestais. “O Brasil só fez um levantamento como este uma vez, que foi publicado nos anos 1980, com dados dos anos 1970 e não foi um levantamento nacional. Este é o primeiro ‘censo’ florestal e será o trabalho de maior envergadura de todo o planeta”, disse Izabella Teixeira.
“Normalmente vemos as florestas do ponto de vista de perda [desmatamento e queimadas]. Com o inventário vamos conhecer a floresta por dentro. Vamos obter vários resultados. A ideia é que, de 5 em 5 anos, façamos novas medições”, acrescentou Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que está conduzindo o levantamento.
Além de dados sobre espécies arbóreas e sobre o solo, Hummel destacou que a população que vive no entorno das florestas também será questionada. Segundo ele, serão aplicados quatro diferentes questionários para saber como estas comunidades convivem nestes territórios.
Os dados serão divulgados parcialmente todos os anos, mas a conclusão de todo o levantamento só sairá em 2016.


Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Biodiversidade arbórea de Santa Catarina reduziu drasticamente, mostra Inventário Florístico Florestal


As equipes responsáveis pelo Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina monitoraram mais de 400 áreas entre 2007 e 2011. Neste período profissionais de várias áreas, como engenheiros florestais, biólogos, escaladores, auxiliares e estudantes, coletaram materiais e entrevistas e analisaram estes dados. Foram registradas mais de 2,3 mil espécies de plantas vasculares, entre as quais 860 espécies arbóreas e arbustivas, 560 epífitos, 270 lianas, 315 pteridófitas (samambaias), além de 707 ervas terrícolas.
Os números mostram que 50% de todas as espécies registradas em levantamentos feitos há 23 anos ainda estão presentes nestas áreas. Apesar disto, os pesquisadores alertam que existe uma drástica redução da biodiversidade de espécies arbóreas na comparação com os levantamentos realizados há 50 anos, principalmente entre as espécies naturalmente raras, que sempre ocorreram em pequena quantidade e em poucos locais ou locais muito restritos. Pelo menos 32% das espécies arbóreas e arbustivas foram encontrados com menos de dez indivíduos.
A principal razão apontada pelos pesquisadores para a situação alarmante é a redução da área florestal no estado. De acordo com o levantamento, menos de 5% das florestas tem características de florestas maduras, enquanto mais de 95% dos remanescentes florestais do estado são florestas secundárias, formadas por árvores jovens de espécies pioneiras e secundárias, com troncos finos e altura de até 15 metros e baixo potencial de uso.
“Estas florestas têm menos da metade do estoque original de madeira e de biomassa e um número muito reduzido de espécies arbóreas e arbustivas. Pesa assim o fato de 90% dos fragmentos florestais de Santa Catarina terem área menor que 50 hectares. Os efeitos do pequeno tamanho das áreas florestais e de seu uso inadequado resultam em um significativo empobrecimento da floresta e na simplificação de sua estrutura”, destaca o Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina. Estas interferências e novas características, segundo especialistas, podem prejudicar as funções protetoras do solo e dos mananciais e a função da floresta como reservatório de carbono e guardião da biodiversidade.
Os vilões responsáveis por estas mudanças nas florestas catarinenses, segundo a conclusão das equipes, são as constantes intervenções humanas na floresta, como a exploração indiscriminada de madeira, roçadas e o pastoreio de bovinos.
O Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina foi realizado entre 2007 e 2011 pelo Serviço Florestal Brasileiro, Fundação de Amparo à Pesquisa  e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Universidade Federal de Santa Catarina,  Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Universidade Regional de Blumenau (Furb) e governo de Santa Catarina.

Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

Como os prefeitos podem aderir ao Programa Cidades Sustentáveis



Uma carta de uma página que contém a promessa de mudar toda história de um município. Este é o poder implícito na carta compromisso do Programa Cidades Sustentáveis (PCS), que tem como missão sensibilizar, mobilizar e oferecer ferramentas para que as cidades brasileiras se desenvolvam de forma econômica, social e ambientalmente sustentável.
Dentro do programa, a Plataforma Cidades Sustentáveis traz uma agenda que aborda diferentes áreas da gestão pública com indicadores para o desenvolvimento, execução e avaliação de políticas públicas. A plataforma inclui ainda um banco de dados com exemplos de boas práticas nacionais e internacionais em sustentabilidade.

Conheça o vídeo explicativo do programa:



A assinatura da carta é um meio do gestor confirmar seu engajamento com o desenvolvimento sustentável em seu município. Os signatários se comprometem em promover a Plataforma Cidades Sustentáveis em suas cidades e a prestar contas das ações desenvolvidas e dos avanços alcançados por meio de relatórios, revelando a evolução dos indicadores básicos relacionados a cada eixo.
O documento possui 100 indicadores, abordando a governança municipal através de 12 eixos temáticos:
  • Bens naturais;
  • Justiça social;
  • Cultura de paz;
  • Gestão local para sustentabilidade;
  • Planejamento e desenho urbano;
  • Cultura;
  • Educação e qualidade de vida;
  • Economia dinâmica;
  • Consumo responsável;
  • Mobilidade urbana;
  • Ação social para a saúde.
Adesão

Os prefeitos que desejam aderir o programa precisam apenas assinar o documento, disponível na Plataforma Cidades Sustentáveis, e enviá-lo ao endereço do projeto. Caso desejem lançar publicamente o apoio ao programa, basta enviar um e-mail. Simples assim.
Após a adesão, os prefeitos têm acesso a ferramentas que o ajudam na missão de fazer as cidades se desenvolverem de forma justa e sustentável.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org

Bancada ruralista se articula para derrubar vetos ao Código Florestal


Rodrigo Rey
No STF, ações do Ministério Público questionam constitucionalidade de alguns dispositivos da nova lei

Mal entrou em vigor, o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) inicia 2013 em meio a polêmicas. No Congresso, a bancada ruralista se articula para derrubar os vetos da presidente da República, Dilma Rousseff, ao texto.
O vice-líder do DEM e integrante da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado Ronaldo Caiado (GO), quer aproveitar a análise de mais de 3 mil vetos presidenciais, que o Congresso poderá fazer em fevereiro, para resgatar o texto aprovado pelos parlamentares, sobretudo quanto à recuperação de áreas de preservação permanente (APPs).
– Foi acordado que a recuperação das áreas que já estão produzindo teriam uma escala em menor proporção, ou seja, elas teriam de ser avaliadas sobre a real necessidade de sua preservação. E, no caso dos cursos d'água acima de 10 metros, teríamos uma graduação menor na metragem. Esse foi o acordo feito e que, infelizmente, não foi respeitado pela presidente – argumenta Caiado.
Vetos
O projeto original (PL 1876/99) do novo Código, aprovado pelos parlamentares em maio do ano passado, já havia sofrido vetos parciais, que foram complementados pela Medida Provisória 571/12. Essa MP (convertida na Lei 12.727/12), porém, após ser modificada pelos parlamentares, também teve nove itens vetados por Dilma, em outubro, sob o argumento de não anistiar desmatadores e garantir a inclusão social no campo.
Desde então, um decreto presidencial resgatou a chamada "escadinha", que traz regras diferentes de recomposição das margens desmatadas de rios, de acordo com o tamanho da propriedade.
Ministério Público
O novo Código Florestal também é alvo de três ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) movidas pela Procuradoria Geral da República (PGR), no Supremo Tribunal Federal (STF). O Ministério Público questiona vários dispositivos da nova lei, entre eles a definição de APPs, a redução da reserva legal e a chamada anistia para quem desmatou até julho de 2008. O Partido Verde divulgou nota em apoio à iniciativa dos procuradores.
O coordenador de política e direito do Instituto Socioambiental, Raul do Valle, avalia que, apesar do atual momento de insegurança jurídica, o pior cenário seria a manutenção de uma lei que, segundo ele, possui itens inconstitucionais e que afetam o equilíbrio ecológico.
– Não há dúvida de que haverá insegurança jurídica. Esse é o preço que os parlamentares que quiseram aprovar essa lei colocaram para a sociedade.
Valle lembra que, na história recente do Supremo, poucos casos de relevância e complexos como a legislação ambiental foram decididos rapidamente.
– Então, nesse contexto, acho que o ideal é implementar a lei e aguardar o que vai mudar. Acho difícil o STF derrubar a lei inteira, mas, muito provavelmente, retirará alguns pontos importantes, sobretudo no que diz respeito à anistia – complementa.
Nas ações encaminhadas ao Supremo, o Ministério Público pede a concessão de liminar para a suspensão imediata dos dispositivos questionados no novo código, até o julgamento final do caso.
Fonte: http://agricultura.ruralbr.com.br

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Supremo Tribunal Federal analisa ações de inconstitucionalidade referentes ao Código Florestal

Divulgação/INPE

Já foram definidos os ministros relatores no STF

O Supremo Tribunal Federal recebeu as três ações diretas de inconstitucionalidade, elaboradas pela Procuradoria Geral da República (PGR), referentes ao novo Código Florestal. Os ministros Luiz Fux, Rosa Weber e Gilmar Mendes ficarão com a relatoria das ações. A PGR pediu a adoção do chamado "rito abreviado", o que permite o julgamento das liminares diretamente no plenário do Supremo. Enquanto isso não acontece, valem as normas definidas pelo novo Código Florestal, aprovado no ano passado.
As ações da PGR questionam parcialmente 23 artigos do novo Código Florestal. As normas permitiriam, por exemplo, reduzir e acabar com Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal. Outro problema seria a concessão de anistia a quem desmatou até 22 de julho de 2008, mediante a adesão ao Cadastro Ambiental Rural.
Também é questionado o fato de dar o mesmo tratamento a pequenos produtores e quem possui propriedades de até quatro módulos fiscais. A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) lamenta que novas alterações na lei possam ser feitas.
— Quando nós achamos que a discussão do Código Florestal tivesse terminado aí vem uma discussão de que não é assim. Voltando essa discussão, mais uma vez a legislação ambiental fica de forma muito insegura para os agricultores. Quando eles acham que o negócio está indo, aí retrocede, isso é muito ruim — comenta Rosicléia Santos Azevedo, secretária de Meio Ambiente da Contag.
O sociólogo Sérgio Sauer, especialista em questões agrárias acredita que a discussão seria necessária para aprimorar a legislação, que segundo ele, possui falhas.
— Havia uma ilegalidade anterior. Então, agora, a insegurança jurídica não pode ser argumento para deixar como está. Porque a médio e longo prazo o Código Florestal aprovado, apesar de terem sido evitados alguns prejuízos, ele ainda trará vários prejuízos para a sociedade brasileira — afirma.
O Ministério do Meio Ambiente e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não se manifestaram sobre a polêmica. A Executiva Nacional do Partido Verde (PV) e a bancada do PV no Congresso declararam, em nota, apoio à iniciativa da Procuradoria Geral da República, que também não quis se pronunciar.




Fonte: http://agricultura.ruralbr.com.br

Ministério do Meio Ambiente vai mapear florestas brasileiras


Wilson Dias/ABr
Objetivo é detalhar aspectos como a qualidade dos solos, espécies existentes em cada área e o potencial de captura e emissão de gás carbônico pelas florestas

Equipes de técnicos e especialistas começam a ser deslocadas este ano para a Amazônia, onde terão que mapear as florestas da região em detalhes. Atualmente, apesar de o Brasil ser coberto por 60% de florestas nativas, os dados sobre estas áreas limitam-se a imagens da cobertura vegetal, por satélites, por exemplo. O objetivo do governo é detalhar aspectos como a qualidade dos solos, as espécies existentes em cada área e o potencial de captura e emissão de gás carbônico pelas florestas.
Os investimentos para o levantamento somam, pelo menos, R$ 65 milhões. Os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram contratados nessa quinta, dia 24, pelo Ministério do Meio Ambiente. A proposta é que as equipes coletem em campo as informações sobre as áreas e analisem todo o material que vai compor o Inventário Florestal Nacional (IFN), que começou a ser construído em 2010.
– Em debates internacionais sobre mudanças de clima, por exemplo, saberemos que  florestas são estas que temos, qual a qualidade de nossas florestas, teremos descoberta de espécies, conhecimento sobre espécies em extinção, além das informações sobre a distribuição desses territórios e do potencial de uso econômico das florestas – explicou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O inventário também reunirá informações sobre florestas situadas em outros biomas, como o Cerrado e a Caatinga. Desde que o projeto foi aprovado, o governo mapeou florestas em Santa Catarina e no Distrito Federal, em uma fase experimental. Para o levantamento no Cerrado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento disponibilizou US$ 10 milhões e, em Santa Catarina, os técnicos descobriram florestas que estão sendo regeneradas naturalmente, sem que os especialistas soubessem que o processo estava ocorrendo.
Ao todo serão mapeados quase 22 mil pontos em todo o território nacional. Em toda Amazônia, haverá em torno de sete mil pontos. Apenas no Arco do Desmatamento, formado por Rondônia, centro e norte de Mato Grosso e leste do Pará e onde será iniciado o levantamento da região, serão levantadas informações de cerca de três mil pontos amostrais, distantes 20 quilômetros um do outro.
As informações detalhadas sobre as florestas brasileiras também devem balizar as políticas do governo para conservação da biodiversidade no território nacional e as novas concessões florestais.
– O Brasil só fez um levantamento como este uma vez, que foi publicado nos anos 1980, com dados dos anos 1970 e não foi um levantamento nacional. Este é o primeiro 'censo' florestal e será o trabalho de maior envergadura de todo o planeta – disse Izabella Teixeira.
– Normalmente vemos as florestas do ponto de vista de perda [desmatamento e queimadas]. Com o inventário vamos conhecer a floresta por dentro. Vamos obter vários resultados. A ideia é que, de cinco em cinco anos, façamos novas medições – acrescentou Antônio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que está conduzindo o levantamento.
Além de dados sobre espécies arbóreas e sobre o solo, Hummel destacou que a população que vive no entorno das florestas também será questionada. Segundo ele, serão aplicados quatro diferentes questionários para saber como estas comunidades convivem nestes territórios.
Os dados serão divulgados parcialmente todos os anos, mas a conclusão de todo o levantamento só sairá em 2016.
Fonte: http://agricultura.ruralbr.com.br

Extratos vegetais combatem fungos e pragas agrícolas


Ao longo de sua evolução, certas plantas desenvolveram mecanismos de defesa contra o estresse ambiental, o que significa dizer desde a escassez de água até ataques de pragas e a infecção por fungos e bactérias. Uma dessas estratégias são substâncias, como as produzidas por plantas da família das sapindáceas – conhecidas pela capacidade na síntese das saponinas em suas folhas ou frutos, que produzem espuma –, popularmente usada por nossos ancestrais do interior do país para a lavagem de roupas. Mas o interesse maior dos pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) por essas substâncias é avaliar sua eficácia na proteção a frutas de interesse comercial, como o mamão e o pimentão.
 “O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de mamão. Mas a atividade tem ainda grandes perdas devido à antracnose, tanto na colheita quanto no período de armazenamento. Isso acontece pela ação do fungo Colletotrichum gloeosporioides, seu agente causador, cujos esporos infectam o fruto após a colheita através de ferimentos provocados pelo manuseio”, explica Cesar Luis Siqueira Junior, professor da UniRio e coordenador do projeto, que teve recursos do edital de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica em Química Verde. Segundo o pesquisador, mesmo em condições ideais de armazenamento, os esporos do Colletotrichum permanecem latentes no interior do fruto e dão início à doença durante a maturação, provocando depressões amarronzadas que se transformam em lesões que afetam sua aparência. “Isso significa um grande potencial de prejuízos em caso de exportação. A incidência de antracnose pode levar a perdas de 30% a 40%, e, dependendo do processo de acondicionamento dos frutos, podem chegar a até 90% dos frutos”, diz.


 Extratos vegetais à base de substâncias extraídas de plantas da família das sapindáceas permitiriam não só reduzir as perdas agrícolas, como também possibilitariam maiores cuidados com o meio ambiente, diminuindo o uso de pesticidas. “Os extratos vegetais podem substituir esses pesticidas, intensamente empregados na agricultura brasileira, particularmente em culturas como a do mamão e do pimentão”, fala o pesquisador.


 No caso do pimentão, bastante cultivado na região serrana fluminense, especialmente em Petrópolis, segundo informa Siqueira Junior, a antracnose pode levar à perda de toda uma cultura. “E, hoje, enfrenta-se essa doença com pesticidas”, diz. O problema é que o uso contínuo de fungicida pode provocar o aparecimento de fungos resistentes e, consequentemente, levar os agricultores a aumentarem as quantidades ou a recorrerem a constantes mudanças de formulações do tipo de fungicida. Nenhuma dessas soluções seria o recomendável, pelos prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana”, enfatiza Siqueira Junior.
 
Divulgação
 
Em laboratório, Siqueira Junior tem usado extrato produzido a partir do saboeiro, uma árvore ornamental, que produz pequenos frutos secos. “Tanto as folhas quanto os frutos contêm substância com atividade antifúngica”, explica. A primeira pergunta dos pesquisadores é se o emprego do extrato poderia, de alguma forma, infligir danos à planta que se quer proteger. “Em laboratório, as plantas tratadas não tiveram qualquer prejuízo a seu crescimento, nem houve o menor dano aos frutos. Testamos ambos os tipos de extrato – da folha e do fruto – no mamão. Em ensaios in vitro, feitos em laboratório, tanto o extrato bruto da folha quanto o do fruto conseguem inibir o crescimento do fungo”, explica Siqueira Junior, que no tempo em que pertenceu ao Instituto Superior de Ensino do Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (Isecensa), estudou outros tipos de sapindáceas, como a pitombeira e o guaraná.
 Uma segunda questão também teve resposta bastante satisfatória. Se o extrato conseguiria inibir a ação do fungo nos frutos. “Banhamos frutos de mamão em extrato vegetal do saboeiro e comparamos os resultados com frutos banhados em água destilada. Naqueles banhados com o extrato, as substâncias ativas evitaram o aparecimento dos sintomas típicos da antracnose, enquanto nos tratados com água destilada surgiram as lesões típicas da doença. Isso significa um grande ganho para as frutas de exportação.”
 O próximo passo dos pesquisadores é ver se a combinação dos dois tipos de extratos produz resultados ainda mais eficazes. “Também queremos verificar se esses extratos – ou sua combinação – têm potencial de ação contra outras espécies de fungo, causadores de doenças em plantas”, fala Siqueira Junior. Ele se refere aos fungos Fusarium solani e ao Fusarium oxysporum, que atacam várias plantas. “O Fusarium oxysporum, por exemplo, provoca a murcha no pimentão, levando à perda da planta inteira.”
 Esses extratos vegetais também podem ser empregados em outras frutas economicamente importantes no estado do Rio de Janeiro, que sofrem com o uso de agrotóxicos, como é o caso do maracujá, do abacaxi e, sobretudo, do morango. E tudo isso a um custo bem mais baixo. “Os extratos verdes certamente diminuirão o investimento de pequenos e médios agricultores fluminenses, melhorando de forma significativa o armazenamento de frutos no período pós-colheita e reduzindo os prejuízos na comercialização.”
 Para Siqueira Junior, o projeto certamente será uma grande contribuição à agricultura no estado. “Embora o Rio de Janeiro não seja um grande produtor de mamão, como é o caso do Espírito Santo, que concentra a maior produção do país, os agricultores fluminenses, devido às semelhanças de clima, estão tentando ampliar e tornar mais forte o cultivo de frutos no estado. Além disso, a região serrana tem significativo cultivo de morango, por exemplo. Para isso, será importante o resultado de nossas pesquisas.”


Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br

Índios decidem combater extração ilegal de madeira no Maranhão e pedem presença da PF

madeira2 Índios decidem combater extração ilegal de madeira no Maranhão e pedem presença da PF
Índios Pukobjê-Gavião da Terra Indígena Governador, em Amarante (MA),  apreenderam, na semana passada, quatro caminhões e um trator que transportavam cerca de 20 metros cúbicos de ipê e de sapucaia derrubados por madeireiros que atuavam irregularmente no interior da terra indígena, localizada a cerca de 110 quilômetros de Imperatriz. Com medo de represálias dos madeireiros, os índios pedem a presença da Polícia Federal na reserva indígena.
A apreensão provocou revolta de moradores da cidade e continua gerando medo entre os índios, que, mesmo assim, prometem agir para impedir que os madeireiros continuem agindo impunemente no interior da terra indígena. “Estava demais. Eles estavam se aproximando cada vez mais das nossas aldeias, nos desrespeitando e levando nossas árvores”, disse à Agência Brasil, por telefone, Ubirajara Guará, cacique da Aldeia Nova, uma das três existentes no interior da reserva.
Os Pukobjê-Gavião temem que, sem a presença da Polícia Federal (PF) na área, os madeireiros prejudicados pela iniciativa indígena cumpram os boatos que tem corrido na cidade. “Andam dizendo que madeireiros prometeram pegar um por um os líderes das três aldeias. Isso quem disse foram as pessoas de fora da aldeia com quem temos contato. Tememos que aconteça algo como o que já ocorre em várias partes do país, onde índios são mortos. Por isso pedimos a presença da Polícia Federal”, disse o cacique.
Ubirajara afirma que ao menos um índio foi agredido durante os tumultos ocorridos em Amarante na semana passada e que, esta semana, desconhecidos sabotaram o fornecimento de energia elétrica para a Aldeia Nova e espalharam tábuas com pregos na estrada próxima à entrada da Aldeia Governador. Além disso, alguns comerciantes deixaram de atender aos índios.
Inicialmente, nem os próprios policiais federais e fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) escaparam de ser alvo dos protestos de pessoas contrárias à iniciativa indígena. Procurada, a assessoria da PF revelou que uma das viaturas policiais foi atingida por dois tiros durante os protestos da semana passada.
O gerente executivo substituto do Ibama em Imperatriz, Felippe Dias Lucas, disse à Agência Brasil que ele e outro fiscal ambiental, além de seis policiais federais, foram impedidos, por falta de segurança, de levar para Imperatriz (MA) os caminhões e o trator apreendidos pelos índios, tendo que permanecer na aldeia até que policiais militares deslocados de cidades próximas chegassem à Amarante. Segundo Lucas, ao menos 60 pessoas participavam dos protestos e muitas estavam visivelmente alcoolizadas.
“Fomos acionados pelos próprios índios e chegamos à aldeia por volta do meio-dia do dia 15. Só então soubemos da manifestação na cidade e que populares, provavelmente incitados por madeireiros, tinham feito uma barreira na estrada que liga a aldeia ao município. O delegado federal tentou negociar com alguns manifestantes o fim do bloqueio, mas como não obteve sucesso, tivemos que permanecer na aldeia até a madrugada do dia seguinte, quando chegou reforço policial e o número de manifestantes diminuiu”, disse o gerente executivo a Agência Brasil.
Após essa primeira tentativa, as autoridades retornaram a Amarante na madrugada de quinta-feira (17). Dessa vez o grupo era formado por 16 agentes federais, 30 policiais militares e servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo a assessoria da PF em Imperatriz, o aparato policial serviu para coibir novos protestos e o grupo, enfim, conseguiu transferir os veículos apreendidos para o pátio da Funai, em Imperatriz. Já a madeira extraída ilegalmente permanece na aldeia, à espera de que o Ibama conclua o processo de apreensão.
Esta não é a primeira vez que algo parecido ocorre em Amarante. Em 2010, homens armados invadiram a aldeia Rubiácea, na mesma Terra Indígena Governador, para tentar recuperar três caminhões carregados de madeira ilegal apreendidos durante a Operação Arco de Fogo, do Ibama.
“Naquela e em outra regiões do estado há poucas áreas com potencial para fornecer madeira legalmente. Isso faz com que a pressão sobre as terras indígenas e outras áreas de proteção ambiental seja muito grande. Além disso, a Terra Indígena Governador é um alvo fácil, já que fica muito próxima a Amarante”, explica Lucas.
Para o missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Maranhã, os órgãos responsáveis, sobretudo a Funai, não está conseguindo dar uma resposta satisfatória aos problemas da Terra Indígena Governador. “Daí os próprios índios estarem tomando suas medidas. Só que, com isso, a tensão tem crescido e o clima de animosidade de parte da população contra a comunidade está crescendo”.
Ubirajara disse que como as autoridades dificilmente conseguiam flagrar a extração ilegal de madeira na terra indígena, os Pukobjê-Gavião decidiram criar grupos para vigiar a área. “Nossa impressão é que os madeireiros eram avisados da operação e, por isso, os governos gastavam um dinheirão e nunca pegavam ninguém. Por isso montamos nossa própria estratégia. Não temos poder para prender ou multar ninguém, mas podemos apreender o material de quem está acostumado a ganhar dinheiro fácil desrespeitando nossa terra e comunicar as autoridades”.
Para evitar retaliações, a comunidade está limitando o acesso de pessoas estranhas ao interior da reserva, interrompendo após as 18 horas o tráfego de veículos pela estrada que corta a terra indígena e que liga Amarante a Campo Formoso. De acordo com o cacique, a passagem só é permitida à ambulâncias e em casos de emergência.
Questionada sobre o assunto, a assessoria da PF informou que a delegacia de Imperatriz tem apenas 22 agentes, um efetivo pequeno para viabilizar operações permanentes no interior da reserva indígena. A PF assegurou ainda que, sempre que acionada ou necessário, realiza ações pontuais, mas que não há, por enquanto, nenhum plano sendo discutido em função do medo dos índios de sofrerem represálias.
Fonte: http://envolverde.com.br

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