quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mercado de Carbono

Relatório do Banco Mundial indica crescimento especulativo do mercado com baixo financiamento de novos projetos


O relatório "State and Trends of the Carbon Market 2010" publicado pelo Banco Mundial em maio de 2010 demonstrou um crescimento do mercado de carbono da ordem de 6% durante o ano de 2009, mesmo diante da crise financeira internacional, com valores totais negociados na ordem de US$ 144 bilhões em comparação a US$ 136 bilhões durante 2008.

Embora tenha ocorrido tal crescimento em um ano de crise financeira, certo é que tal situação decorre de um movimento especulativo, pois não se verifica uma atividade forte de financiamento de novas iniciativas de projetos Mecanismo de Desenvolvimento Limpo ou Implementação Conjunta .

Tal relatório demonstrou uma redução significativa do financiamento pelos países industrializados nos países em desenvolvimento, de forma que as reduções de gases efeito estufa cairam pela metade (de 211 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em 2009, contra 404 milhões em 2008). Os investimentos diretos nos projetos de MDL caíram 59% para US$ 2,7 bilhões em 2009, conclui o Banco Mundial, segundo ano seguido que os investimentos declinam. Em 2008, o Banco havia dito que os investimentos no MDL haviam caído para US$ 6,5 bilhões, uma queda de 12,3% ano a ano.

O Banco Mundial ressaltou que:  "A crise financeira estimulou as instituições financeiras e os investidores privados a desalavancagem e a redirecionar suas posições longe de investimentos de risco e para ativos mais seguros e mercados", em seu relatório publicado na Carbon Expo em Colônia, Alemanha.

O relatório traz expectativas que a demanda liquida cumulativa para os três ativos de Quioto (RCEs, ERUs, AAUs) até 2012 subirá este ano para 230 milhões de toneladas, considerando-se a demanda total menos o que já foi adquirido e adotando parametros conservadores de crescimento econômico. Isto se dará por conta principalmente  das atividades dos  governos europeus para cumprir as suas metas de reduções, porém somente com uma sinalização positiva de um cenário pós Quioto é que realmente teremos um fluxo de capitais mais consistente para os países em desenvolvimento que não sejam China e Índia, países que mais tem recebido capital dos fundos de energia limpa e reduções de emissões.

A grande expectativa é a implementação do mercado norte-americano, após o anúncio dos principais tópicos do Climate Act Bill pelos Senadores John Kerry e Lieberman no último dia 12 de maio. 

O RGGI (Regional Greenhouse Gas Initiative), apenas para termos uma idéia, subiu o volume financeiro de negociações para US $ 2,2 bilhões no ano passado (2009) em comparação a US $ 200 milhões em 2008, disse o relatório. Além disso, o volume de trocas de permissões que em 2008 foi da ordem de 62 milhões subiu para 805 milhões em 2009, ou seja, quatro vezes mais que o esquema europeu, somadas as EUAs e RCEs. Vamos aguardar e torcer para que em Dezembro (COP 16), finalmente, possamos ter o grande mercado norte-americano aberto aos nossos projetos.

*Por Rodrigo Franco, Diretor Executivo Carbon Market Consulting

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